Minha filha mais velha acabou de entrar no ensino médio e já ouço muitas
perguntas como: “Qual profissão ela vai escolher?”. Essa cobrança é natural, mas
procuro tranquilizá-la e lhe dar ferramentas para buscar o máximo de informações
relevantes, porque sei que a escolha da profissão é uma preocupação crescente entre
os jovens. É um peso muito grande quando dizem “escolher algo para fazer para o
resto da vida”.
Em primeiro lugar, acredito que esse pensamento esteja errado. Ninguém é
obrigado a passar 30 a 40 anos numa mesma profissão. Se reinventar é muito
importante dentro da área ou até mesmo fora dela! Sou arquiteta há 19 anos e posso
dizer que mesmo continuando no mesmo ramo, a forma de fazer e entregar um
projeto mudou bastante, pois é assim que vejo o trabalho: uma evolução. Como falei
no primeiro post do blog, as gerações novas cobram inovação!
Vivendo essa situação com minha filha Sabrina, lembro do meu processo de
escolha. Acredito que o contato com profissionais da área de interesse fez toda a
diferença. Com um pai engenheiro, tive vivência em construção desde muito nova,
então adorava acompanhar o dia-a-dia dos pedreiros, eletricistas e técnicos. Achava
mágico uma ideia se tornando realidade. Por isso, minha escolha por arquitetura foi
algo natural.
Como decidi logo o que queria fazer, depositei todo o meu foco nisso. Fiz cursos
de desenho para me preparar para a prova de aptidão do vestibular (era na segunda
fase junto com as matérias específicas, não existia ainda o ENEM) e estudava bastante
todas as disciplinas.
Foi uma felicidade enorme quando passei para a Universidade Federal do Ceará
com 17 anos. Ao contrário de muitos, que perdem o ritmo de estudo durante a
graduação, não me acomodei. Estudava e fazia cursos extras para me capacitar.
Buscava ao máximo sair da zona de conforto, porque mirava ser uma boa profissional.
Quando a gente sai da zona de conforto, a gente não entra na zona de desconforto, e sim
na zona de aprendizagem. Murilo Gun
Se pudesse dar um conselho para a geração mais nova, diria que o conteúdo
dado pelas escolas sobre as profissões não é suficiente. É preciso ir além e fazer as
próprias pesquisas. A curiosidade é o motor para tomada de decisão.
Hoje, com a internet à nossa mão, é fácil pesquisar sobre tudo. Com certeza, se
eu tivesse essa ferramenta na época de estudante teria me ajudado bastante. Mas,
mesmo com esse acesso rápido ao conteúdo, não podemos nos esquecer da vivência e
de buscar investir ao máximo em conversas com os profissionais. Essa foi minha chave
para tomada de decisão.
Espero que minha experiência tenha ajudado, de alguma forma, quem está
indeciso com a escolha e também quem já está buscando se reinventar
profissionalmente. O mais importante é encontrar o que nos dá prazer em fazer, assim
o sucesso é uma questão de tempo e perseverança.